Da vaidade ao que tem sentido

Uma das características dos tempos atuais é a inversão de valores. Atualmente valoriza-se mais a forma do que o conteúdo; mais a aparência do que a essência. As experiências descritas pelo Pregador em Eclesiastes 8 são avidamente buscadas pelas pessoas, hoje, transformando-se no seu projeto existencial. E uma busca intensa pelas coisas materiais que podem proporcionar prazer. Por outro lado, observa-se que os dias atuais se caracterizam por um grande vazio existencial.

Onde está o sentido da vida? Vivemos em um mundo de ilusões. Um mundo onde o real se confunde com o virtual.

Daí a dificuldade para escapar da vaidade, isto é, da futilidade rumo ao que de fato tem sentido na vida. Há tanta gente que corre de um lado para o outro, mas que ainda não percebeu que, na verdade, está correndo atrás do vento. Uma vida centrada, acima das futili-dades deste mundo, marcada pelo equilíbrio entre o que é material e espiritual, entre o que faz parte da temporalidade e o que é da eternidade, continua sendo um grande desafio para todos nós. Entre tantas outras coisas, o texto de Eclesiastes nos ensina a viver com sabedoria, mostrando que “para todo propósito há tempo e modo” O capítulo 8.1 começa com um elogio à sabedoria. Conforme notas da Bíblia Sagrada Edição Pastoral, “a sabedoria é a capacidade de discernir a verdade por trás das aparências. Quem é capaz disso não se perturba diante dos conflitos (...) o sábio, porém, é capaz de discernir que atitude tomar para não se expor ao perigo”.

Todas as coisas devem ser feitas de forma criteriosa, com prudência e discernimento. A vida transforma-se numa sucessão de erros quando o indivíduo ignora o momento e a maneira de agir. A precipitação, a imperícia ou o descaso podem ser fatais. O texto do Eclesiastes afirma que o homem não sabe o que há de suceder, e como há de ser. Nós não conhecemos o futuro. E isto só vem reforçar a necessidade de um viver marcado por prudência e discernimento. O estilo de vida da sociedade em que vivemos, em muitos aspectos é vazio e fútil, exatamente por não haver este discernimento.

A ausência de referenciais conduz a uma completa inversão de valores. Mas o povo de Deus é desafiado a fazer diferença na sociedade, cultivando um estilo de vida marcado pela não con-formidade e pela renovação da mente (Romanos 12.2). Isto abre perspectivas de transformação e nos aproxima da vontade de Deus. É oportuna a advertência bíblica: “Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, e, sim, como sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus. Por esta razão não vos torneis insensatos, mas procurai compreender qual a vontade do Senhor” (Efésios 5.15-17).

Quando nos esforçamos para viver assim, fica mais fácil fugir da vaidade e caminhar em direção ao que realmente tem sentido.

Eneziel Peixoto de Andrade
Extraído da Revista Visão Missionária 1T04

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